Badu, publicado pela primeira vez em 1932, aparece para o público e para a crítica em meio ao debate do romance nordestino, suscitado pelas publicações de José Lins do Rego e Jorge Amado, mas integra uma outra tradição da literatura brasileira: a construção de uma imagem bastante diversificada e complexa do Rio de Janeiro, ao lado de outros escritores como Manuel Antônio de Almeida e Lima Barreto. O romance foi o único publicado pelo autor Arnaldo Tabayá, que morreu precocemente, e conta a história de um homem casado que se apaixona por uma moça pertencente à classe das pequenas empregadas do comércio, a Badu, e vive essa paixão em meio ao desconforto de não mais honrar o seu casamento com Rosinha como… Leia mais
Contos Cariocas, de Artur Azevedo, inaugura a coleção Reserva Literária, cuja proposta é a de resgatar obras esquecidas ou fora de circulação, mas de interesse artístico e cultural permanente. A coleção vem repor em circulação obras de autores mais ou menos célebres, de valor incontroverso, mas que se confinaram ou numa única, ou numa última edição antiga e rara. As vinte e três narrativas curtas que compõem os Contos Cariocas foram publicadas pelo autor em periódicos, sendo recolhidas postumamente em volume pela editora Leite Ribeiro uma única vez, em 1928. Nelas, o autor propõe uma divertida viagem imaginária ao fim do Império e início da República, por meio de narrativas ligeiras e bem-humoradas que são recortes ficcionais do cotidiano desse período. O texto foi estabelecido, modernizado e anotado pelos alunos do curso de Editoração da… Leia mais
A narrativa do romance O Feiticeiro transcorre em Salvador nos idos de 1878; nela, o autor detalha usos, costumes, tradições, festas populares, valores, a vida política e econômica da cidade, assim como o sincretismo religioso, com ênfase na forte influência exercida pela cultura mística trazida da África pelos escravos. Francisco Xavier Marques (1861-1942) foi jornalista, político, ensaísta e autor de contos e romances, tendo ocupado a cadeira 28 da Academia Brasileira de Letras. Sua prosa de ficção transfigura artisticamente a Bahia do sertão, das praias e da cidade de Salvador em linguagem requintada que, não raramente, se converte em prosa poética de acentuado lirismo, como observa o coordenador da coleção Reserva Literária, José de Paula Ramos… Leia mais
Medeiros e Albuquerque (1867-1934) foi jornalista, professor, político e escritor, tendo colaborado em periódicos importantes como A Gazeta, A Notícia e O Commércio de São Paulo. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e dedicou-se a vários gêneros: ensaio, memorialismo, poesia, teatro, romance e conto. O romance Marta, segundo volume da coleção Reserva Literária, foi publicado em 1920 pela editora Francisco Alves, e reeditado em 1922 e em 1932. Conta a história de Leopoldo Braga, que, ao descobrir ser pai de uma filha bastarda, envolve-se numa trama de segredos e enganos, em meio a uma sociedade conservadora e preconceituosa. Ivan Teixeira comenta na apresentação: Assimilando traços do Parnasianismo, do Simbolismo e do Naturalismo, Marta será talvez um romance mais eclético do que decadente. Todavia, isso não diminui a força de ser talvez a primeira narrativa brasileira a transformar conceitos da psicanálise em argumento… Leia mais
Veiga Miranda (1881-1936) foi engenheiro, professor, jornalista e político, além de escritor. Manteve intensa atividade literária, colaborando em periódicos, publicando romances, livros de crônicas, contos e novelas, uma peça de teatro, e volumes de ensaios biográficos ou de crítica literária. Mau-olhado é o segundo romance do autor, publicado pela primeira vez em 1919 pela Livraria Editora Leite Ribeiro, e reeditado em 1925 pela Cia. Graphico Editora Monteiro Lobato. A ação se passa ainda na época da escravidão, na zona rural do nordeste paulista, onde transcorre a trágica história do jovem padre Olívio e de sua madrasta Maria Isolina. Para Lobato, o autor reafirma seus magníficos dotes de pintor de almas e costumes. O enredo transcorre dentro do quadro agreste da vida roceira. Lê-lo é ter desdobrada ante os olhos a cinematografia colorida das fazendas abertas no sertão luta bárbara do homem contra a… Leia mais
Último romance de Ranulfo Prata (1896-1942), publicado em 1937, Navios Iluminados tem como cenário o porto de Santos, e como protagonista o estivador Severino, imigrante nordestino que vem em busca de trabalho na cidade, deixando a família e sua pequena propriedade rural. Juntamente com outros operários das Docas de Santos, moradores do bairro do Macuco, locais onde se passa a ação do romance, o protagonista depara-se aqui também com a fome, a humilhação e as doenças. Luís Bueno observa que a obra se estrutura num movimento pendular que alterna os momentos de esperança do protagonista com a dureza da realidade dos trabalhadores das Docas, e esse movimento entranhado no desenvolvimento das ações do romance, dá uma representação artística exemplar daqueles anos em que uma guerra decisiva parecia inevitável e os ideais que pensavam uma sociedade pós-liberal justa têm que ser… Leia mais
Coletânea de contos com variados temas e formas, Primeiro Andar marcou a estreia de Mário de Andrade como contista. Originalmente publicada em 1926, pela Casa Editora Antônio Tisi, também teve edições em volumes acompanhados de outros textos. Esta edição, que corresponde ao sexto volume da coleção Reserva Literária, é a terceira como livro independente. Para ela, o texto foi estabelecido com o rigor metodológico da crítica textual, com o objetivo de restituí-lo à forma original. Além disso, foram incluídas notas explicativas sobre o léxico e as referências culturais utilizadas, visando auxiliar na leitura e manter o respeito ao original. Jean Pierre Chauvin e José de Paula Ramos Jr. observam que, nestes contos, Mário de Andrade mobiliza diversos temas, flexibiliza regras gramaticais e dilui as fronteiras entre os gêneros literários, surpreendendo as expectativas do leitor e concentrando ingredientes que definem o caráter experimental de sua… Leia mais
João Alphonsus (1901-1944) publicou este seu primeiro romance em 1935, alguns anos após a repercussão favorável recebida pelo seu conto Galinha Cega publicado no periódico paulista Terra Roxa e Outras Terras, ocasião em que foi saudado pela crítica e por outros escritores como uma boa novidade na literatura brasileira. Totônio Pacheco recebeu o Prêmio Machado de Assis, criado pela Companhia Editora Nacional no ano anterior, dividido com três outros ganhadores: Dyonelio Machado com Os Ratos, Erico Verissimo com Música ao Longe e Marques Rebelo com o livro Marafa. O romance é ambientado na cidade de Belo Horizonte, caracterizada como cidade artificial, criada pelas mancheias do dinheiro público na qual os moradores, vindos do interior em grande parte e mantendo seus hábitos provincianos, precisam se… Leia mais
Coelho Neto (1864-1934), nascido no Maranhão e radicado no Rio de Janeiro, foi criador de extensa obra literária estimada em 120 volumes, publicada também em outros países, especialmente em Portugal pela Lello Irmão. No Brasil, Treva foi publicado em 1906 pela Livraria Garnier, e esta quarta edição da obra tem como base a anterior de 1924. Marcos Antonio de Moraes comenta no estudo crítico que acompanha a obra: "O autor, nas narrativas de Treva, observou criticamente aspectos sociais e políticos da realidade brasileira, tanto quanto logrou atingir dobras mais fundas da condição humana, lançando mão de um estilo menos ornamental, com vocabulário menos rebuscado". Este décimo volume da Coleção Reserva Literária, parceria entre Edusp e Com-Arte, traz os contos em edição autêntica e fidedigna, além da nota editorial e da nota biográfica sobre o… Leia mais
O romance Vida e Aventura de Pedro Malasarte, de José Vieira (1880-1948) narra as peripécias de Pedro Malasarte, jovem de origem humilde que, depois de ser acusado injustamente por um malefício, vê-se obrigado a deixar a vila de Santa Cruz. A partir de então, Pedro é abandonado à própria sorte e passa a enfrentar inúmeros obstáculos. Com bom humor e soluções inusitadas para os problemas que lhe aparecem, o malandro Pedro Malasarte percorre diversos povoados do Nordeste brasileiro. Assim, um rico cenário do século XVIII é composto, retratando a sociedade da época. O personagem Pedro Malasarte tem origem na tradição ibérica medieval e na escrita de José Vieira tornou-se perfeitamente aclimatado, recebendo avaliações positivas de críticos e escritores de sua época, a exemplo de José Lins do Rego e Oswald de Andrade, entre vários outros. Este nono volume da coleção Reserva Literária é parceria da editora laboratório Com-Arte com a… Leia mais
De 10 a 12 de setembro, a Edusp estará na 2ª Festa do Livro da UnB no Campus Darcy Ribeiro. O evento terá uma programação cultural que incluirá lançamentos, palestras e uma mesa redonda com o ...
Aproximadamente um quarto da população brasileira está acima do peso, e estudos indicam que a causa é o crescimento da oferta de produtos de baixa qualidade