É verdade que nevou em São Paulo em 1918?

No caderno de visitas da famosa garçonnière mantida pelo escritor Oswald de Andrade na Rua Líbero Badaró, apelidada de "covil da rua Líbero", há a referência de que nevou no dia 25 de junho de 1918.

21/08/2020

Em BBC News Brasil

Por Edison Veiga

O evento, em um frio atípico, realmente gerou comoção na sociedade paulistana.

Mas, pelo menos não desde que há medições meteorológicas na cidade, nunca caiu neve em São Paulo. O que ocorreu em 25 de junho de 1918 – e também em outras ocasiões, como entre 24 e 28 de julho de 1925 – foi uma forte geada.

“Não teve neve. A confusão que se faz é porque o cristal da neve é igual ao cristal da geada”, explica à BBC News Brasil o meteorologista Mario Festa, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

“Só que geada não cai. A gente fala popularmente que ‘caiu o orvalho, caiu o sereno, caiu a geada’ mas isso é um termo errado.”

Conforme ele detalha, para haver geada não pode ter nuvens no céu – para haver neve, é necessário tê-las.

“Porque, para haver geada, é necessário que o céu esteja totalmente limpo, para que o calor armazenado se dissipe. Esse resfriamento muito rápido faz com que a umidade próxima à superfície, em certas condições, se congele. Ou, no caso do orvalho, simplesmente forme gotas líquidas.”

Então basta conferir os registros mantidos pelo próprio IAG/USP sobre o que ocorreu em São Paulo em 25 de junho de 1918: as cinco marcações, durante todo o dia, indicaram nebulosidade 0, nenhuma.

[…]

Antes do IAG, há registros de outras observações meteorológicas em São Paulo, conforme o meteorologista Paulo Marques dos Santos aponta em seu livro Instituto Astronômico e Geofísico da USP: Memória Sobre Sua Formação e Evolução.

Os precursores foram os astrônomos portugueses Bentos Sanches Dorta e Francisco de Oliveira Barbosa, entre 1788 e 1789. O naturalista inglês William John Burchell também efetuou registros paulistanos em 1827. Santos ainda destaca a longa série histórica, de 1848 a 1856, registrada pelo brigadeiro José Joaquim Machado de Oliveira e, de forma esporádica ao longo do século 19, observações do engenheiro civil inglês Henry Batson Joyner e do frade capuchinho Germano de Annecy.

O meteorologista cita, em seu livro, que havia dois observatórios particulares em São Paulo, no fim do século 19. Um era do professor José Feliciano de Oliveira. O outro, do general Couto de Magalhães.

[…]

Leia o texto original na íntegra na BBC News Brasil

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