A geometria e a composição

Historiador da arte traça a influência dos literatos humanistas nas telas dos principais pintores do Renascimento

23/06/2019

Em Quatro Cinco Um

Por Lorenzo Mammì

O galês Michael Baxandall pertence à corrente da história da arte conhecida como iconologia, que ainda hoje tem seu ponto de referência no Instituto Warburg de Londres. No século passado, muitos dos pesquisadores mais importantes nessa área surgiram dali: Aby Warburg, Fritz Saxl, Erwin Panofsky, Ernst Gombrich (que foi o mestre de Baxandall), para citar apenas alguns. Morto em 2008, Baxandall talvez tenha sido a última estrela dessa dinastia, pelo menos até agora. Em reação à análise estritamente formal dos teóricos da visibilidade pura, tendência surgida no final do século 19, os iconólogos valorizaram o estudo do significado das representações dentro de contextos culturais determinados.

Não se trata, porém, de um simples retorno ao conteúdo dos quadros: até os esquemas formais mais abstratos, como as estruturas perspectivas ou certos modelos de disposição das figuras, eram submetidos a análises que tentavam descobrir qual poderia ser sua relação com a experiência do mundo de seus contemporâneos. Por exemplo, em um de seus livros mais famosos e importantes, Painting and Experience in Fifteenth Century Italy (1972; publicado no Brasil como O Olhar Renascente, Paz e Terra, 1991), Baxandall relaciona a tendência à geometrização das figuras na pintura italiana do século 15 ao surgimento de um novo tipo de geometria que, mais do que ensinar a medida dos terrenos, calculava o volume de pacotes e barris, reduzindo-os a figuras geométricas regulares — evidentemente, uma geometria comercial, contraposta à geometria agrária predominante no período anterior. A tese do autor é que observadores treinados nesse tipo de redução, caso da nova elite de comerciantes ricos, eram mais capazes de apreciar o rigor proporcional de artistas como Piero della Francesca — que, aliás, além de ter escrito um tratado de perspectiva, é autor de um manual de geometria comercial.

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Dois modelos intelectuais

Publicado em 1971, um ano antes de O Olhar RenascenteGiotto e os Oradores foca as relações entre pintura e literatura, o que o torna, de certa forma, mais tradicional. O cotejo com o livro imediatamente posterior, contudo, torna-o especialmente interessante, como se se tratasse de duas abas de um díptico.

O título é traiçoeiro. Melhor o subtítulo: As observações dos humanistas italianos sobre pintura e a descoberta da composição pictórica (1350-1450). De fato, os oradores em questão são aqueles que, a partir do século 19, passaram a ser chamados de humanistas: intelectuais de novo gênero, oriundos da nova aristocracia mercantil ou a serviço dela, hostis à cultura escolástica medieval, mas cultores do latim e do grego clássico e, em geral, da Antiguidade.

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Leia o texto original na íntegra na Quatro Cinco Um

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